LABUTA
LABUTA
Barui de chuva nas teia cumbuca é discansamento noturno.
Cacarejá de galinha Ródia é o chamá dos pinto que pia.
E pinga da boa é a do alambique logo do otro lado do morro.
Antão ieu trabaio e bebo! Bebo e drumo! Drumo e discanso.
No otro dia logo de minhãzinha, começo na labuta de novo.
Arrastapé tem todo finar de sumana, cada dia no rancho de um cunterrâneo.
É dançá e bebê. Bebê e forrozear.
Adispoisi iscundido namorá. Eita trem bão pra daná!
Trabaio no rancho tem todo instante. Inda tem o trabaio no campo.
As cerca pra mode rumá e os animal pra mode tratá.
Acordo todo dia quano os galo inda canta. O sor inda nem saiu Mãe Santa.
A butina furada nus pé, o chaper surrado na cabeça e no peito um-a pinga no cuité.
Adispoisi um café-de-rapadura reforçado cum broa de fubá.
Já é noitinha quano ieu penso em discançá.
Inda tem o bãe frio nu rio, alembrando das pinga tomada no dia.
Adispoisi da janta tomá mais argum-as pinga dedilhano a viola em vorta
da fuguêra acesa no terrêro.
Contá uns causo e um-as prosa. Cantano um-as músga de roda.
Alegrano as Moça sortêra e as Véia idosa.
Inté o sono vim de mansim traiçoêro. Chegano caladim por intero.
Fazeno nóis se deitá cás galinha chocadêra e acordá cós galo cantano,
donos do terrêro!
E antão vivê outro dia labutano o dia intirim, na campo e no rancho.
Acreditano cada um no seu único Santo!
Wagner Criso