Déjà vu

Nas asas do universo um amor insano como a fúria dos anjos assovia sereno; e a simplicidade guia os meus silêncios no reino das palavras diluídas em pétalas selvagens. Pouso no vento da eternidade e me deixo ser na felicidade de um instante profundo. Versos rasgam as horas do amanhã e nada mais me envolve. A felicidade existe: arrebatei com os teus segredos nas margens plácidas de tua alma feita de musica e poesia. Guardei o teu futuro dentro do meu peito e roubei um arco-íris do empíreo celestial. Talvez os deuses estejam furiosos, mas o que importa? Os anjos nunca me abandonaram.

Par ou ímpar? Sol de melodias dentro de nós. Borboletas vibram nas entranhas, os corações disparam. Chegou a hora de existir nas notas de um desejo ancestral. Dê-me as mãos e vem comigo. Quero te mostrar os caminhos das crisálidas memórias de uma vida distante. Somos o espelho um do outro. Enxergue-me: sou a presença pulsante de uma paixão visceral como o fogo. Então me diz: há lugar para os poetas nas passarelas das ausências? Espíritos de alegria, na terra da poesia a beleza criadora existe. Criador e criatura se misturam e fazem amor.

Tua majestade – entre as trevas e as estrelas – suspira ternura e observa a nudez das fadas distraídas de esperanças. Nossas liras de amor não se acabam e, talvez só a morte, em impressões sempre-vivas, pudesse sacudir a poeira do destino. Todas as outras coisas jamais anteparariam a formosura de nosso sentimento. Secretamente e juntos somos o jaez do mundo. As forças medievais nos conduzem ao fundo da arca de nossas seivas mais íntimas e na roda viva do acaso somos sempre os mesmos. Na aurora das tramas da vida escrevi com sangue o teu nome para sempre o todo. Em tempos de déjà vu lanço mãos dos risos simples e me ateio na profundidade das lágrimas que me originam sempre a tua compleição eterna.

(Verônica Partinski)