poças d’água
poças d’água são corpos liquefeitos circundados pela finitude da matéria, pela finitude do asfalto, que pode não se conter na emoção da chuva e transbordar
ou são sugadas para o âmago da terra
-e a chuva caia e banhava o asfalto, que evaporava em neblina a confundir as abelhas no vôo. os lugares das poças já estavam lá, nasceram na infinitude do tempo, estavam prontos para conter a água que viria, estavam prontos para transbordarem em emoções na poética da tarde que chegava
poças d’água guardam o contentamento de reter partículas de chuva, são feridas no asfalto que possibilitam o respirar da terra, e possivelmente o sorriso das flores
-eu não falei das flores...
flores viajam no vento em forma de sementes, como casulos que guardam borboletas, só que na verdade guardam flores. elas quando encontram poças d'água, mergulham e buscam a seiva-vida. se as poças são em terra, se as poças são no asfalto,não importa, as sementes precisam de possibilidades
-e assim muitas vezes eu vi flores brotando no asfalto...
Iva Tai