Você cala sua boca, como pode dizer que eu levo as coisas para o lado errado? Eu sou humano e preciso ser amado, como qualquer um precisa. (*)
Descrever a noite é quase como tentar tocar as linhas ácidas de um desenho feito em tela pelas mãos famintas de um pintor de paredes, é se abster de atitudes que perturbam a alma, recebendo sussuros aterrorizantes de um fantasma distante sepultado no gelo frio de um copo de vodka. Correr com os pensamentos atráves das palavras, construindo na sensação descrita pelo olhar a visão morta de um boa noite vazio, e vendo essa mesma noite ser devorada pelas vontades motorizadas que impossibilitam o toque. Eu não vou descansar até ver a verdade se libertar dos seus poros e surgir como um cancro através dos seus atos sujando de pus e sangue os momentos que imaginei para nossos sonhos invisíveis, sustentados pelas abobadas de uma antiga capela sombria, que sorri para nossas almas quando caminhamos lentamente para o jardim de desejo dos homens. Eu queria receber através dos carinhos escondidos de seus falsos olhos verdes toda compreensão que preciso encontrar para me perder definitivamente em seus sentimentos, quero através da aurora boreal de seus labios apertados projetar com a força de mil cavalos minha intenção mais verdadeira enquanto cavalgo por entre as partes expostas de seu dorso manchado pela violência de meus gestos. Lembrar de todas as expressões que nasceram por entre as frestas de seus cabelos molhados pelo meu suor é corrigir os erros que nascem de cada conjectura elaborada pela doentia mente que colocaram em mim, um refugo de sentimentos passados que vai sendo alimentado pelo desamor dos dias que passam, dos olhares que fogem ao meu bom dia, ou das rosas que nascem mortas em um jardim regado com sangue contaminado pelo odio presente no exato instante que a verdade foi revelada. Com desejos quase satânicos que correm através do espaço morto, dedico minhas horas vazias e inúteis a saborear sua ausência e maculando todos os seus sentimentos com os olhares vazios que lanço através do nada, encontro um conforto quase que mortal na solidão dominical que abraça meu corpo, no adeus que nunca digo as manhãs que eu perco, sendo acordado no meio da tarde ensolarada pela lembrança das palavras e pelo toque imaginário de sua boca em mim. Todos os domingos são sombrios no fim dos tempos, mesmo que o sol anuncie um dia maravilhoso meu cerébro dautônico não pode contemplar essas paisagens que levam você a desfilar suas pernas que me fizeram refém um dia através das ruas sujas pelos que pisam nela. Preciso me lavar em você, usar todos os seus carinhos como uma esponja que vai tirando minha segunda pele e jogado na fogueira vermelha que minhas palmadas criaram em alguma parte de seu corpo exposto como um animal, onde as linguas se enrolam para falar um idioma desconhecido, onde estranhos ignorantes de afirmam pela própria ignorância e Eu continuo aqui, esquecendo o cansaço que os dias me trazem e me perdendo por não saber aonde você está.
(*) The Smiths - How Soon Is Now?