meditando estações
tenho meditado
sobre esta imensa necessidade de tomar o outro como água
uma sensação de falência múltipla do sensível
é como a ausência se liquefaz entre a porosidade da saudade e de muitas peles
eu
tento domar
estes
sentidos
como um jardim em primavera cercado pelo inverno
na poética invernal
eu ponho os meus sentimentos-ursos para dormir
na poética primaveral
eu experimento uma certa calmaria sensitiva
e esta sede que às vezes me assola, e me assusta, é mais um passo para eu adentrar os labirintos das minhas abissais metamorfoses
no adormecer-urso eu me desconstruo nas esferas do sensível
e a força de transformação está na natureza da vontade
este equinócio solucionaria as minhas palpitações de tirar o fôlego
e paralisias verbais
os descabelamentos
os estados emotivos "by Virginia Woolf"
e certas estações neurais que me tiram o apetite
mas os sentimentos-ursos adormecidos não escapam dos sonhos
anseiam o mel e o orvalho
assim, a sede aumenta
e continua...
(Iva Tai)