meditando estações

tenho meditado

sobre esta imensa necessidade de tomar o outro como água

uma sensação de falência múltipla do sensível

é como a ausência se liquefaz entre a porosidade da saudade e de muitas peles

eu

tento domar

estes

sentidos

como um jardim em primavera cercado pelo inverno

na poética invernal

eu ponho os meus sentimentos-ursos para dormir

na poética primaveral

eu experimento uma certa calmaria sensitiva

e esta sede que às vezes me assola, e me assusta, é mais um passo para eu adentrar os labirintos das minhas abissais metamorfoses

no adormecer-urso eu me desconstruo nas esferas do sensível

e a força de transformação está na natureza da vontade

este equinócio solucionaria as minhas palpitações de tirar o fôlego

e paralisias verbais

os descabelamentos

os estados emotivos "by Virginia Woolf"

e certas estações neurais que me tiram o apetite

mas os sentimentos-ursos adormecidos não escapam dos sonhos

anseiam o mel e o orvalho

assim, a sede aumenta

e continua...

(Iva Tai)

Iva Tai
Enviado por Iva Tai em 28/11/2010
Código do texto: T2641819
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