Aquilo que vive a atormentar...

 
 
Escorrem pelos dedos soltos anéis,
Inspiração...
Desembocam quais perdidas,
Recorrentes e assustadas lágrimas,
Descem,
Rolam impiedosas, da própria dor,
Insurgem por caminhos nunca singrados,
Fazem que cessam num canto de olhar,
Num canto da boca seca, sem beijar.
 
Atrevem-se ao chão,
Misturam-se aos pés,
Feridos sangrados,
Lanhados,
Cravados,
Entranhados grilhões.
 
Na porta,
Latejam, batendo, assim,
Sem começo,
Sem entremeio,
Sem fim.
Cascatas de convulsiva solidão.
 
Na porta do tempo,
São dias e noites infindos,
Luas e sóis já perdidos,
Ruas quase sombrias,
Esquinas de falta,
Torrentes de saudades.
Abundantes...
Desalmadas,
Tua solene ausência que vive a torturar.
 
Cortes e sal
Portas trancadas,
Mágoas, conclusas ou infindáveis,
Trincas e rupturas,
Amargor, agruras,
Aquilo que vem avulso e sem hora,
Arranca do chão, da paz,
Agonizar, murchar faz.
Aquilo que vem,
Decorrendo,
Derivando,
Aquilo que brota sem trégua,
Vindo da dona da saudade...

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 28/11/2010
Código do texto: T2641191
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