Aquilo que vive a atormentar...
Escorrem pelos dedos soltos anéis,
Inspiração...
Desembocam quais perdidas,
Recorrentes e assustadas lágrimas,
Descem,
Rolam impiedosas, da própria dor,
Insurgem por caminhos nunca singrados,
Fazem que cessam num canto de olhar,
Num canto da boca seca, sem beijar.
Atrevem-se ao chão,
Misturam-se aos pés,
Feridos sangrados,
Lanhados,
Cravados,
Entranhados grilhões.
Na porta,
Latejam, batendo, assim,
Sem começo,
Sem entremeio,
Sem fim.
Cascatas de convulsiva solidão.
Na porta do tempo,
São dias e noites infindos,
Luas e sóis já perdidos,
Ruas quase sombrias,
Esquinas de falta,
Torrentes de saudades.
Abundantes...
Desalmadas,
Tua solene ausência que vive a torturar.
Cortes e sal
Portas trancadas,
Mágoas, conclusas ou infindáveis,
Trincas e rupturas,
Amargor, agruras,
Aquilo que vem avulso e sem hora,
Arranca do chão, da paz,
Agonizar, murchar faz.
Aquilo que vem,
Decorrendo,
Derivando,
Aquilo que brota sem trégua,
Vindo da dona da saudade...