Aos goles
Não quero tilintar de copos
ao meu redor.
Quero apenas uma cerveja,
que seja da mais barata.
E que venha a melancolia
e que ela me bata.
Depois, volto pra casa,
minha ou de quem seja;
cara cheia, saco cheio
dos outros ou de mim mesmo.
Não quero beijos nem abraços,
não quero corpos inteiros
ou almas em pedaços.
Só quero eu mesmo, assim,
aos poucos e aos goles.
E não me importo que gozes
nem da minha cara cheia,
nem do meu saco cheio.
Hoje, quero ficar meio;
meio da noite, meio da rua,
ser só da saudade, inteiro,
enquanto choro pra lua.