A PALAVRA LAMBE AS FERIDAS

(para Terezinha de Jesus dos Santos Moncks)

E como poderia ser diferente? Não somos os donos da vida e da morte. Ajoelho-me na impotência de me saber tão pequeno para pedir com força o desligamento do chip de viver... A máquina inepta que ora move o corpo maternal parece ter energia para mais. O Senhor Tempo é fonte que nos prepara para as veredas à margem do lugar comum dos dias. Retempera-nos para o eclipse. A vida dança no fio de linha tal um trôpego trapezista. Caminhamos sobre latitudes e longitudes que desconhecemos. Há um terçol na pálpebra do sol/sal dos dias. A longa língua da Palavra lambe as feridas.

– Do livro O AMAR É FÓSFORO, 2012.

http://recantodasletras.uol.com.br/prosapoetica/2633402