O Despetalar da Alma (O Despertar, então)

Vai a peçonha se esvaindo do humor da séquida penumbra

Escalando falésias e escarpas de mágoas

A descarar secretas caixinhas de músicas;

Adentra o lago azul pelo fundo do nada, em sépalas de rosáceas

Tão ledas as cores ricas em áureos amores (alguns cândidos, outros quase)

Que aterrisa no peito do enfermo, à revelia, a amansada carne

Esfrega na cara azeda o zomol e a farinha de ossos

Presas e equiparadas a sacos de dentes lançados no esgoto d’alma;

Dá-me ósculo de queijo amarelo, o riso solitário e indene da morte

E me cega até o umbigo com a sua inexorável ausência.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/10/2006
Reeditado em 13/10/2006
Código do texto: T263282
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