[Inquietação do Olhar]
Em meio à agitação,
o silêncio profundo
de um olhar pousado
no vago do meu olhar...
[pousado assim, como
pousa o olhar da gente
na única flor do jardim]
Buscando-me, marco
um encontro comigo
no silêncio do outro,
no vago do seu olhar...
Mas ali não estou também —,
escapar sempre é destino?!
E então, mesmo sabendo
do modo de trilhar origens,
essa inquietação incessante,
perco-me ainda mais de mim...
Ah, essa excessiva inquietação
do teu olhar no meu olhar —,
o espanto do ser em fuga...
[Penas do Desterro, 20 de novembro de 2010]