Castelos de Areia
O que deveria apontar uma proposta de “desconstrução” pessoal acabou por desmoronar um começo de construção sólida.
Era pequena, decerto, mas tão sólida; sólida até demais para uma criança. No lugar daquilo, o que ficou? Foi construído com esmero, cuidado, suor e dor um castelinho, pequeno ainda, porém maior que aquela solidez porque é feito de areia. E, ao contrário do que se pensa sobre castelos de areia, esse não exige cuidados especiais. É mais forte do que sua aparência frágil. Esse castelo aprendeu a ser areia, ser a substância que o compõe. Por isso, pouco importa a sua exposição aos ventos, às ondas do mar, aos esbarrões das pessoas. Ele pode deixar de ter a forma de um castelo, mas terá sempre aqueles grãos de areia que o construíram. Esses grãos podem misturar-se a outros, mas sempre serão aqueles grãos, pois cada castelo tem os seus. Ou pode ser que não, pode-se formar castelos com os grãos que foram de outros, construções novas. Pode-se, mesmo, doar seus grãos para construções conjuntas. Ou pode-se guardá-los num pote, apenas pra você. Afinal, os grãos são seus.
Mas, o que fica, tudo é areia; areia frágil e forte.