AH, A POLÍTICA

Ah a política

Desejada qual deusa

Dela quem desfrutar da amizade

Não cessará o tempo sem recompensa.

Ah, a política

Enfeitiça a todos e igualmente

Enfeitiçam a multidão

Que enfeitiçada se entrega

Qual donzela ao primeiro cavaleiro

E ignora que o amor prometido

Já o fora a tantas outras.

Ah, a política

Não perdoa o erro

E tomada da vontade de poder

Alia-se a inimigos e esquece o passado

Porque é o presente que lhe interessa

E nada mais além da conveniência.

Ah, a política

Falada mais que mulher da vida

Porém sua fama não é sua obra

É maldita porque dela usam

E como mulher da vida a tratam

E jogam-nas na vala comum

E vão aos templos

E em nome do senhor

Desfilam bons modos e nobres respeitos

Mas às escuras são vampiros do povo.

Ah, a política

O jogo, cuja regra tem sido a trapaça

E a platéia desiludida abandona a arena

E feito lobos famintos

Os participantes isentos da ética tão apregoada

Dilapidam o bem público e em nome dele

Perpetuam-se no poder

E o povo fica à míngua e espera o milagre.

Ah, a política

Querem-na torpe os torpes

Para que possuídos da torpeza característica

Afastem o povo e possam dançar ao som dos gatunos.

Ah, a política

Perpétua como o Sol que brilha

Não podemos negar

Tão necessária e por isso mesmo

Dela não se afastar.