RAINHA SÍLFIDE (Beatriz Oliveira)

Daqui, de onde olho, eu nada posso ver,

Além das luzes da noite.

Olhando da minha janela alta,

Vejo milhares de pequenas lampadazinhas

Espalhadas pela noite escura.

O vento frio me gela a pele e o coração lhe gela.

O vento foge, esperto, desperto.

Vejo faróis traçando retas de um rumo ignorado.

Para quê sabê-lo? Nada me fará retê-lo!

Não retenho nada. Nunca tive esse poder!

O gelo do frio retorna à minha alma...

Quisera uma janela baixa,

Uma noite clara, uma brisa morna, um rumo certo.

O saber eu não o quisera jamais!

Quisera não saber nada!

Quisera ser uma bela Sílfide e somente voar,

O inteiro dia, entre uma flor e outra,

Molhar levemente a asa num riacho manso,

Num insensato rasante, e sacudi-la, tonta,

Sorrindo-me de mim.

Quisera poder treinar o vôo

E não mais molhar a asa, já na vez terceira,

Enquanto os Elfos e as Salamandras

Fazem festa e me aplaudem e eclodem

Em alegria plena e sem fim.

Quisera poder viver de amor e fantasia,

De dança e poesia, de música e magia.

Hedonismo, tão somente, sem tabus.

Mas a janela é alta e a queda perigosa!

Penso, então, que as lampadazinhas lá embaixo

Podem, eventualmente, ser Sílfides iluminadas

Que vêm, reunidas pelo propósito de resgatar sua rainha.

Enquanto as espero, ansiosamente,

Fecho a janela e me deito para acordar.

Beatriz Oliveira
Enviado por Beatriz Oliveira em 18/11/2010
Código do texto: T2621949
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