OS GÊMEOS
No fúnebre cortejo do meu sonho,
Eu chorava um pranto seco, sem lágrimas.
O orgulho impedia o desabafo total e sincero.
Enlutada eu seguia o cortejo
Sem olhar quem carregava o ataúde.
Mas sabia que era a minha esperança,
Seguida da alegria e da ilusão,
Iam enterrar meu sonho
E quando terminasse o ato fúnebre
Elas se iriam da minha vida para sempre,
Já que, com a morte do irmão,
A estada delas na minha vida havia terminado.
O meu sonho me contou, há muito tempo,
Que ele, a esperança, a alegria e a ilusão,
Eram gêmeos inseparáveis.
Onde um estava, estavam os outros.
E se um morresse em uma vida,
Os outros se iam dessa vida para sempre.
Mas, com certeza,
Outros gêmeos tomariam o lugar deles,
Fazendo parte daquela vida
Até que outro sonho nascesse.
E eu me preparei para receber
As minhas próximas
Companheiras de jornada:
A saudade, a solidão e a tristeza.