Te espero
Na porta, na esquina,
Num canto qualquer ilusório,
Te espero a sombra dos sonhos,
Num canto sereno, secreto de mim.
Te espero na janela, de frente para o mar,
Na mesa sempre posta, um café fresco,
Te espero palavra presa no olhar.
Te espero no banco da praça,
No batente exposto da vontade desmedida.
Porque te espero, esperarei.
Cantando , esperando, dormirei.
Esperando sossegada,
Seguirei.
Esperando por ti na madrugada,
Luz da lua apagada,
Cama feita, arrumada.
Véus de seda fiarei...
Esperando...
Esperarei.
Te espero, porque quero,
Por esmero,
Esperar sincero,
Simplesmente,
Espero.
Te espero na noite assombrada,
Quando vago a toa,
Quando durmo, acordada.
Te espero porta levemente encostada,
Vendo invadindo,
Uivo do cão latindo,
Será?
Tua chegada?
Ainda espero.
Com mãos estendidas,
Olhos pedidos,
Sede tamanha,
Tempo que foi consumado,
Calendário rasgado,
Já não tão belo sorriso,
Marcas do tempo cravadas,
Te espero visão quase perdida,
Te espero mais tato,
Olfato,
Só,
Quase nada.
Mesmo assim te espero,
De frente para o mar, agora tanto ausente,
De águas bravias, de ilusões tardias,
De poucas surpresas,
De raras alegrias,
De sobreviver,
Quase nada sobrevir,
De esperar...
Espero por ti.
Espero-te...