COM QUE BOCA?

COM QUE BOCA?

Eu te chamei,

Te xinguei,

Te amei,

Te beijei,

Te disse adeus,

Te cantei,

Te assoviei,

Te amaldiçoei

Te enganei,

Te...

Se não fosse

Essa minha educação,

Minha boca seria outra.

Não teria o contorno

Da ingenuinidade,

Nem o balbuciar do

Proeminente choro.

Me daria o maior prazer

De espalhar impropérios

E aumentar os pontos

Do conto que eu sei.

Teria a boca das verdades insanas

Das mentiras corajosas,

Onde afirmaria

Aos quatro ventos

O caos que me levou a isso.

Mas essa boca

Não combinaria com minha face.

Tentaria enganar

O doce do meu olhar

A verdade das minhas lagrimas

O som do meu coração.

Não, essa boca não é minha.

Prefiro o silencio imaculado

Ao trovão que acorda

E coloca outros sons

Em bocas

Que não sabem silenciar.

COM QUE BOCA...?

Eu declamaria versos,

Ou contaria meus sonhos,

Cantaria canções de amor,

Sem sentir o fel

Que escorreria pelo canto da boca,

Indicando o que eu realmente

Teria guardado no meu coração.

A minha boca,

É a boca que chama,

Que canta,

Que ora,

Que desabafa,

Que chora,

Que balbucia,

Mas que sabe se fechar

Quando os ouvidos

Mandam a ordem.

Lord Blue, 14/11/2010