Flor seca
Ontem vi uma flor num campo seco e árido.
Talvez o vento semeou-a por um engano, ou quem sabe por hábito... O caule estava todo contorcido, as folhas diminutas e enrugadas, mas ela não tinha desistido da vida. Contudo o ambiente a tinha tornada seca e áspera. Notei que por um esforço sobrenatural tentou-se florir. Mas as pétalas ocres desbotadas de tão fracas não conseguiam se abrir. Se lá dentro existe um néctar ressecado, nenhuma abelha teria como saber. No balançar do vento, por um momento ela me olhou, mas logo se encurvou envergonhada de si mesma. Olhei-a pela última vez, levantei e continuei o meu caminho, mas eu sabia que ela morreria seca e sozinha.
(de volta do Jardim do APAE)