Aquelas mãos...
Pulei a cerca, a entrada era cara, e nem todos tinham o dinheiro para tal, e numa aventura de adolescentes com sede de adrenalina, lá fui eu! Pulei! Ai que sufoco, mas em compensação tinha um pedaço da fogueira de São João bem ali, me estendendo a mão para que a empreitada ficasse mais fácil...
Que loucura, nem acredito que tive tanta coragem, logo eu, tão certinha que sempre fui, mas tive, fiz, o sangue gelou, coração disparou, mas uma mão me amparou, tornando aquela sensação um tanto agridoce... Um misto de sentimentos inexplicáveis!!!
Depois disso, aquelas mãos não me largaram mais, seguiram-me por toda a festa. E eu solteira, livre, desimpedida, coração leve qual uma pluma, a espera de novas emoções! E as mãos me seguravam e rodavam-me a cada música, num ritmo delicioso e novo pra mim... E eu fechava os olhos e entregava-me àquele balanço sem fim!!!
Assim chegou à meia noite, hora em que as cinderelas viram abóboras, mas naquele dia, meu conto de fadas estava apenas começando e ao som de uma música romântica e insinuadora, caiu-nos uma chuva prateada, uma chuva multicolorida, começou ali aquela queima de fogos que marcou minha alma... E foi no meio desse turbilhão mágico que aconteceu o primeiro beijo, inesquecível e intenso como deve ser! Suave e ao mesmo tempo quente, sublime...
Ah, aquelas mãos, que me levaram ao céu em poucos segundos, e que me mantém por lá até hoje, e quando eu ouço a canção, fecho os olhos, a recordação vem a tona, com os detalhes que só eu sei, que só eu vi... Uma Deusa, uma louca, uma feiticeiraaa, ela é demais, quando beija minha boca e se entrega inteiraaaa, Meu Deus, ela é demaaaaisss!!!!