Os cheirinhos de nossa memória

Os cheirinhos de nossa memória

Era finalzinho da tarde e o sol já pintava de laranja o antigo azul, sentada na colida com um vestido branco, a menina riscava no chão arenoso, círculos infindáveis enquanto seus pensamentos rodopiavam juntos a seus aros...

Da mata tranqüila um perfume de água, terra molhada pela chuva fina que a pouco caira, inundava seus pulmões e num suspiro profundo, ela se levanta devagar, ela lembra-se de quantos e quantos anos brincava por ali quando criança, de como pareciam gigantes as arvores que hoje lhe são como amigas eternas, a dois passos de onde estava pega no chão uma florzinha de mato, era uma orquídea mine, de cor roxa, a menina a observa bem de perto, no pistilo central uma cor amarela contrastava...

Como contrastava seus sentimentos e pensamentos com suas atitudes.

Ao se aproximar da casa grande escuta um som encantador a senhora Anastácia, que cantarolava mais uma linda canção e o perfume de torta de morangos denunciava que a tarde tinha sido doce para ela...

Pé ante pé ela sobe as escadarias... E no meio da cozinha deitado no solo friozinho, o gato Zeus dormia de barriga para cima... Ela entra, corre para servir-se de torta...

Que ainda morninha, ficava ainda mais gostosa...

Ao fechar os olhos, ela volta uns dez anos... E se vê pequenina, sendo ninada pela mãe...

Era comecinho da noite e a menina e seu vestido branco, sumiram na mata... Mais uma vez...

Ela retorna então a sua realidade. Ser um espectro perdido entre o real e o imaginário. Entre o ontem e o hoje... ela sempre volta a sua antiga casa, quando os aromas ou a saudade a despertam...

E lá na cozinha Dona Anastácia comenta... Ah! Que pena que Camilla não está mais aqui, seja lá onde estiver querida saiba que fiz esta torta para você.

Márcia Poesia de Sá

...Um tanto quanto trash...hehehe

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 07/11/2010
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