[A Anestesia que nos Salva]

[Não há escrito, poema ou prosa,

que não surja de uma circunstância: pois,

afinal, "eu sou eu e as minhas circunstâncias!"]

O tempo que era para ser

o da calma, o da compreensão,

passou - agora, todos temos

asas rápidas para fugirmos

uns dos outros - demorar,

por que, se tudo logo vira

em depressão, fluoxetina,

perda de chão sob os pés,

papel sumindo na ventania...?

Fotografia... uma sépia a se queimar

no fogaréu da memória doentia,

a mistura de passado e presente

que insistimos em ignorar,

o desespero da incerteza do futuro.

De algum lugar do no passado,

do oco sem fim do tempo,

o outro de nós grita à toa...

É "neurose", é doença chorar

pelo ontem - o amanhã já vem -

a menos da anestesia geral,

a salvadora de todos nós,

um atalho do insano processo...

[Penas do Desterro, 07 de novembro de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 07/11/2010
Reeditado em 07/11/2010
Código do texto: T2601970
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