Há oito anos...
Há oito anos que eu não durmo direto, aquele sono gostoso, pesado ininterrupto, há oito anos que eu não como direito! Ou como queimado, ou como frio. Às vezes nem como e quando como, como atrasada, fora de hora...
Há oito anos que eu não sei o que é sair de casa com a roupa limpa, que eu não sei o que é sair de casa cheirosa, sem cheirar a leite azedo, que eu não sei o que é passar meia hora no chuveiro e uma hora na frente do espelho escolhendo a roupa...
Há oito anos que eu não compro mais nada pra mim, que eu não gasto mais o meu dinheiro comigo, que eu não saio sozinha de mãos dadas com o meu marido...
Há oito anos que eu não sei o que é acordar ao meio dia, sem ter que fazer almoço na hora certa, sem ter nem que saber ao certo as horas...
Há oito anos, exatamente... que eu descobri que minha vida estava apenas começando, que eu senti pela primeira vez o amor incondicional, que eu pude amar uma pessoa que eu nem mesmo conhecia às faces, que eu gerei e carreguei o maior tesouro que alguém pode ter... é, foi há oito anos que eu me despi das vestes de menina e tornei-me mulher...
Há oito anos eu conheci o anjo que viraria a minha vida do avesso... há oito anos transformei-me em MÃE!