DESAGRAVOS, DESABAFOS, DESACATOS
(Mais uma vez um poema para todos e para ninguém...
a busca de uma última palavra de um útimo poema,
mas agora não, não agora, ainda não)
Uma salva de vivas ao Ultimatum, Hora Absurda
Passagem das Horas nas horas mais impróprias
À sua Pessoa onipresente em palavra e silêncio
Peço a sua presença nessa hora mais inoportuna
Abro-te mais janelas do que há janelas para abrir
No reino das palavras tenho a boca pequena
E o pensamento tão grande que não cabe na palavra
Que quando escapam causam desastres, tragédias
Ainda agora pasmo a tentar entender o indizível
do mais incompreensível do inaudível do que foi dito
Procuro nos ermos e nos baldios dessa tresloucada prosa
Procuro muito em vão por qualquer resquício de emoção
Essa poesia sem eira nem beira, sem destino, em desatino
Sem azuis ou frescores, sem verdes ou olores, sem prazeres
E constato, estarrecido, assustado, alarmado, desarmado
Consternado e sem consolo constato
Não tem mais...
Sou um instrumento empoeirado de cordas intocadas
A tela em branco ante a inspiração moribunda do artista
A folha sem escrita gritando silêncios dos maiores vazios
Depois do fim:
Olhares absortos a não velarem mais por mim
Muito além da tristeza tudo o que ainda é tristeza
A palavra com a letra de meu nome: Melancolia
O olhar de viés, o desdém que vier, o que for que puder
Os atalhos dos quais não se volta sem errar o caminho
Os labirintos adornados de espelhos, todos os espelhos
Corro para a sacada a tempo de testemunhar a vinda
Da grande sombra do desprezo a se abater sobre nós
Quando estamos sós, quando nem somos mais nós
Olho as pessoas em seu ir e vir incessante
Exalando a putrefação de um viver tão desinteressante
Olhar para elas é tentar fixá-las no tempo e no espaço
Tentar traduzir num traço num desenho que não se acaba
Mas as pessoas ocupam-se somente de ir e vir
Elas não param...
Nunca ninguém parou de verdade para ao menos me ver
Nunca de verdade ninguém se aquietou, calou-se um tanto
todos os pensamentos e raciocínios para me ouvir
Nem deixou de ser para me sentir um pouco que fosse
Como eu sempre fiz...
Novecentos textos, novecentos pedaços de mim para nada
Essa ânsia desmedida em perseguir uma última palavra
Esse asco pelo que vai deitando na folha virgem
Escoa na ampulheta da vida o meu tempo de dizer
E agora choro palavras no momento mais inusitado
Palavras derramadas manchando o desenho que não fiz
Lágrimas que escapam denunciando emoções que não quis
Não sou vítima, não me faço de vítima, não há vítimas
É a lucidez que me condena à consciência dessas visões
Qualquer aparente loucura é só um um outro olhar
Eu ainda me pergunto...
Meus amigos filósofos estariam agora à mesa comigo
Tentando adornar de pretensões uma inútil filosofia
Filosofia que eu defeco por ter me alimentado dela
De sua essência consistente, de sua consistência essencial
Filosofia é para a vida, da vida, com a vida, um mais que viver
Meus amigos poetas com o barroco rebuscado dos versos
Tornando a poesia de tão etérea quase que inexistente
Hoje me perdoem estar escasso dessas belas palavras
É que ouvi dizer por aí que poesia também é para comer
E se minha poesia por ora resvala o chão é assim então
Que vou saber como é que se inicia o mais preciso voo
Chorar palavras, sangrar palavras, parir palavras
Morrer palavra, renascer palavra, engendrar silêncios
Meus irmãos de carne nessa vida, homens da terra
A tristeza em seus gestos, no rosto, no corpo, no resto
Essa conversa toda em prosa malfeita de medo
Não se aquietam, não param um instante
O vento passa lentamente e vai desapercebido
O sol se põe ser ser adorado por qualquer que seja
A lua alta e brilhante no céu é um detalhe a mais
Sentir-se vivo lhes parece sempre um grande castigo
Nunca estão comigo, nunca procuram abrigo
Enquanto a vida escoa no tempo se perdem
Porque não sabem simplesmente parar um tanto
Suficiente para sentir correr pelas veias a dor do instante
Nem fagulha nem centelha na alma que jaz fria
Enquanto eu vou sabendo me incendiar
Num abrir e fechar de olhos e no fogo do olhar
Cansado de tudo, vou dormir
Quem sabe para sonhar que morri
E quando amanhecer eu creia que renasci
E sinta renascida em mim alguma emoção
(Mais uma vez um poema para todos e para ninguém...
a busca de uma última palavra de um útimo poema,
mas agora não, não agora, ainda não)
Uma salva de vivas ao Ultimatum, Hora Absurda
Passagem das Horas nas horas mais impróprias
À sua Pessoa onipresente em palavra e silêncio
Peço a sua presença nessa hora mais inoportuna
Abro-te mais janelas do que há janelas para abrir
No reino das palavras tenho a boca pequena
E o pensamento tão grande que não cabe na palavra
Que quando escapam causam desastres, tragédias
Ainda agora pasmo a tentar entender o indizível
do mais incompreensível do inaudível do que foi dito
Procuro nos ermos e nos baldios dessa tresloucada prosa
Procuro muito em vão por qualquer resquício de emoção
Essa poesia sem eira nem beira, sem destino, em desatino
Sem azuis ou frescores, sem verdes ou olores, sem prazeres
E constato, estarrecido, assustado, alarmado, desarmado
Consternado e sem consolo constato
Não tem mais...
Sou um instrumento empoeirado de cordas intocadas
A tela em branco ante a inspiração moribunda do artista
A folha sem escrita gritando silêncios dos maiores vazios
Depois do fim:
Olhares absortos a não velarem mais por mim
Muito além da tristeza tudo o que ainda é tristeza
A palavra com a letra de meu nome: Melancolia
O olhar de viés, o desdém que vier, o que for que puder
Os atalhos dos quais não se volta sem errar o caminho
Os labirintos adornados de espelhos, todos os espelhos
Corro para a sacada a tempo de testemunhar a vinda
Da grande sombra do desprezo a se abater sobre nós
Quando estamos sós, quando nem somos mais nós
Olho as pessoas em seu ir e vir incessante
Exalando a putrefação de um viver tão desinteressante
Olhar para elas é tentar fixá-las no tempo e no espaço
Tentar traduzir num traço num desenho que não se acaba
Mas as pessoas ocupam-se somente de ir e vir
Elas não param...
Nunca ninguém parou de verdade para ao menos me ver
Nunca de verdade ninguém se aquietou, calou-se um tanto
todos os pensamentos e raciocínios para me ouvir
Nem deixou de ser para me sentir um pouco que fosse
Como eu sempre fiz...
Novecentos textos, novecentos pedaços de mim para nada
Essa ânsia desmedida em perseguir uma última palavra
Esse asco pelo que vai deitando na folha virgem
Escoa na ampulheta da vida o meu tempo de dizer
E agora choro palavras no momento mais inusitado
Palavras derramadas manchando o desenho que não fiz
Lágrimas que escapam denunciando emoções que não quis
Não sou vítima, não me faço de vítima, não há vítimas
É a lucidez que me condena à consciência dessas visões
Qualquer aparente loucura é só um um outro olhar
Eu ainda me pergunto...
Meus amigos filósofos estariam agora à mesa comigo
Tentando adornar de pretensões uma inútil filosofia
Filosofia que eu defeco por ter me alimentado dela
De sua essência consistente, de sua consistência essencial
Filosofia é para a vida, da vida, com a vida, um mais que viver
Meus amigos poetas com o barroco rebuscado dos versos
Tornando a poesia de tão etérea quase que inexistente
Hoje me perdoem estar escasso dessas belas palavras
É que ouvi dizer por aí que poesia também é para comer
E se minha poesia por ora resvala o chão é assim então
Que vou saber como é que se inicia o mais preciso voo
Chorar palavras, sangrar palavras, parir palavras
Morrer palavra, renascer palavra, engendrar silêncios
Meus irmãos de carne nessa vida, homens da terra
A tristeza em seus gestos, no rosto, no corpo, no resto
Essa conversa toda em prosa malfeita de medo
Não se aquietam, não param um instante
O vento passa lentamente e vai desapercebido
O sol se põe ser ser adorado por qualquer que seja
A lua alta e brilhante no céu é um detalhe a mais
Sentir-se vivo lhes parece sempre um grande castigo
Nunca estão comigo, nunca procuram abrigo
Enquanto a vida escoa no tempo se perdem
Porque não sabem simplesmente parar um tanto
Suficiente para sentir correr pelas veias a dor do instante
Nem fagulha nem centelha na alma que jaz fria
Enquanto eu vou sabendo me incendiar
Num abrir e fechar de olhos e no fogo do olhar
Cansado de tudo, vou dormir
Quem sabe para sonhar que morri
E quando amanhecer eu creia que renasci
E sinta renascida em mim alguma emoção