Faz de conta
Não sei onde quebrou, nem como aconteceu, mas sinto um gosto de brinquedo velho e desbotado.
Por vezes você olha e até brinca comigo, mas no teu espelho o meu olhar já não tem o mesmo brilho. Talvez seja apenas tempo que lhe falte pra me lustrar de novo e então me encontre nos teus sonhos, com aqueles olhinhos pequenos que faiscavam na vitrine.
Mas eu não sei se há tempo, eu não sei se há espaço.
Parece-me uma mala abarrotada, e se a intenção de bagagem vem, há outras peças na lista de espera.
Não carrego apenas os retalhos, agulha e linha cosem muito mais que lençóis pro nosso faz de conta.
Faz de conta que esse sonho ainda é fantasia. Faz de conta de que se a noite vem, o meu desejo te irradia.
Raiana Reis
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