Faz de conta

Não sei onde quebrou, nem como aconteceu, mas sinto um gosto de brinquedo velho e desbotado.

Por vezes você olha e até brinca comigo, mas no teu espelho o meu olhar já não tem o mesmo brilho. Talvez seja apenas tempo que lhe falte pra me lustrar de novo e então me encontre nos teus sonhos, com aqueles olhinhos pequenos que faiscavam na vitrine.

Mas eu não sei se há tempo, eu não sei se há espaço.

Parece-me uma mala abarrotada, e se a intenção de bagagem vem, há outras peças na lista de espera.

Não carrego apenas os retalhos, agulha e linha cosem muito mais que lençóis pro nosso faz de conta.

Faz de conta que esse sonho ainda é fantasia. Faz de conta de que se a noite vem, o meu desejo te irradia.

Raiana Reis

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Raiana Reis
Enviado por Raiana Reis em 03/11/2010
Código do texto: T2594307
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