SEM DEMANDAS NESTE MUNDO APODRECIDO

Minhas carnes revestem um esqueleto,

Sem demandas deste mundo apodrecido,

Já me sinto como se houvesse morrido,

E estivesse nas conservas germicidas,

Cada ataque que sofro em devastação,

Me assombra como é fútil meu viver,

Tantos entes pensando em me comer,

E eu reluto para ser eternizado,

Quem me dera pudesse ser levado,

Em oferta aos malditos tapurus,

Tão modernos estes já me comem cru,

Não demandam temperos nem cozimentos,

Acabando de uma vez com este tormento,

Que renova-se a cada amanhecer,

Nunca sei o que vai me acontecer,

Por velar este corpo fedorento,

Satisfeito meu espírito se ausenta,

Para que estas vestes se dissolvam,

Devolvendo ao pó suas parcelas,

E voltando a viver distante delas.