ROSTO-SÍNTESE

Teria sido melhor eu se eu me não tivesse conhecido nunca, se jamais precisasse ter que estar frente a frente com a imagem deste rosto que preciso reconhecer: o meu.

Em algum lugar deste presente ser tem, necessariamente, que se estar gerando, sem que eu ainda o saiba, uma outra, com outro rosto, uma outra que venha a nascer, que possa olhar-se no espelho sem o horror deste momento.

Um rosto-síntese, síntese do rosto da menina que fazia jus ao azul e à luz do nome que lhe deram com a imagem deste rosto que se desvia do olhar no espelho, que procura, em vão, esquecer-se do que vê; um outro terceiro rosto transcendida criança transcendido rosto-de-sombras num rosto outro por enquanto promessa-semente invisível: o rosto-síntese de mim que venha a ser.

No dia terrível de 02 de novembro de 2010.