Em mim
Em mim
Eu queria me entender, abaixo da plácida água de meus pensamentos. Queria escutar melhor meus silêncios. E navegar neles como barco sem vela, a deriva de mim. Despencar em todas as cachoeiras de sentires e ver meu sol nem que fosse de longe, nascer a cada manhã.
Eu queria entrar em meu próprio corpo e passar a mão em minhas artérias, ver meu coração bem de pertinho, escutar o som que ele faz em determinados momentos. Quem sabe até assistir ao grande acontecimento. A pausa. O fim.
Eu queria reler as histórias que minha pele guarda a sete chaves de mim mesma, escancarar meus segredos guardados lá dentro daquele livrinho estranho, chamado subconsciente. Poucas vezes eu o vejo passar nas mãos dos sustos e dos déjà- vus...
Eu queria saber das coisas que jamais disse e porque não disse? Porque fiz questão de guardar algumas dores tão bem guardadas que as perdi. Hoje não sei onde elas estão, mas sei que existem.
...ah! Eu queria ler minhas não escritas, entrelinhas.
Ter a chance de me ver por dentro, o mais dentro que eu pudesse chegar, e ser tão profunda em mim, que acabasse por perder o caminho de volta.
Por onde será o caminho da entrada, que me levará
ao âmago deste meu vazio?
Ou aos lagos onde tão repleta, me banharia de mim,
do mais cristalino de meu cristalino!
Eu preciso me entender, para me desentender com minhas interrogações infindáveis e quem sabe assim, eu consiga me responder. Neste infinito questionário de duvidas, onde adormece a pena cuja tinta é feita de sangue.
Márcia Poesia de Sá