A folhinha não morreu!

 

Hoje estava sentada ao lado de uma mesinha,

procurando escrever tudo o que à mente me vinha.

 

De repente, entretanto, parei de escrever,

pra observar uma folhinha, que caíra na mesinha.

 

Era uma folhinha diferente de todas que eu já vira,

parecendo esperar, para comigo falar.

 

Durante muito tempo fiquei olhando pra ela

e enquanto a contemplava, sua história imaginava.

 

E, para meu espanto, ela se personificou

e com a voz melancólica, sua história me contou.

 

Disse-me que estava presa ao galho de uma árvore,

 mas seu sonho era voar para conhecer o mar.

 

E que naquele dia, um vento se aproximou,

e soprando sobre ela, daquele galho a arrancou.

 

Sentindo-se livre, pôs-se a voar com o vento,

sentindo que a seu lado viveria um sonho encantado.

 

Sentia que aquele vento por ela se apaixonara

e por isso com carinho, do galho a arrancara.

 

E ela, toda feliz, ia então flutuando

enquanto que o vento, docemente, ia levando-a.

 

Porém, não soube ao certo, o que foi que aconteceu,

que uma rajada forte empurrou o vento pro norte.

 

E ficando então sozinha no espaço a flutuar,

procurava desesperada o caminho pra voltar.

 

E ao sentir que suas forças estavam se acabando

atravessou a janela e na mesinha foi pousando.

 

E vendo-me ali sentada, pensativa a escrever,

comigo quis falar antes de morrer.

 

Olhei pra ela angustiada, me sentindo impotente,

por não ter o dom de dar-lhe vida novamente.

 

Mas, para minha alegria, uma inspiração surgiu...

 

Peguei aquela folhinha que estava diante de mim,

colei-a aqui em meu livro e a eternizei assim.

* * * * *
Do Livro: "Simplesmente Poemas" - Pág. 9