Sonhada Liberdade
Quando eu era pequenino É livre o que contesta?
Sonhava em ser gente grande É livre quem sabe o que faz?
Nada pode um menino É livre quem tem poder,
Adulto é que se garante. Ou o que ganha mais?
Quando cresci mais um pouco O que contesta comprou
Aí fiquei quase louco Idéias já existentes
Já não era mais criança O que cala se conformou
Nem era adulto tampouco. Com o "status" vigente
As dúvidas surgiram, então, Saber o que está fazendo
Com elas a rebeldia É também outra utopia
Não podia ser traquinas Pois, todo mundo herda um pouco Nem fazer o que queria. Da mãe, do pai ou da tia
E o tempo foi passando Aquele que detém poder
Trazendo-me mais idade É escravo em agonia
E nunca que atingia E o que tem mais dinheiro
A sonhada liberdade. Não sabe o que é alforria
Fiquei maduro, de repente, Pois passa a vida explorando
Antes do que esperava E tem su'alma vazia.
E ainda não vivia Então, por Deus, que será
Aquela tal liberdade. Finalmente a liberdade?
Hoje que já sou idoso Será viver o momento
Fico pensando na vida Satisfazer a vontade?
Meu viver era gostoso Será que é ser altruísta
A liberdade... perdida! Ou não ligar pra maldade?
Perdi o que nunca tive Pensar somente em si,
A liberdade é quimera Lutar pela humanidade?
Ou será que, de verdade, O que será realmente
Ela é o que não se espera? A sonhada liberdade?
Ser livre é idéia complexa Hoje em meu leito de morte
Que discutem intelectuais Tenho tempo pra lembrar
Pensando saber a verdade Não corro nem me estafo
Daquilo que satisfaz Não vou a nenhum lugar
Mal vejo e pouco escuto
E não posso trabalhar
E descobri que liberdade
É sempre poder sonhar!
Helena de Santa Rosa
Niterói, 01 de novembro de 2010
18:03