Des-figuração

Coragem para elevar-se em meio à lama. Opressão.

Das pétalas mortas, não se faz uma boa guirlanda.

O que dói por dentro é como cheiro de incenso -

perfuma até os ossos.

Tenho visto chover nos labirintos. E olhos se afogando.

E paisagens nuas, crateras camufladas, o sonho

ao abrigo da luz.

Palavras...palavras...conduzo-me ao pórtico dessas línguas

e nada encontro.

Os espasmos de emoções travam-me a memória.

Mais nada sei. O carrilhão emudece

e a paz dorme em paz.

Que uma outra aurora seja alguém,

que alguém ouça alguém

e que nascer ou apenas re-nascer

seja música e não limbo.

Não se devota piedade para iluminar passos.

As pernas não são patas,

são colunas de um templo.

Enrolo os tapetes, para não cair.

E misteriosamente, sei que um dia

soarei como um violino.