LOBO

O corpo está infectado, não tem brio, não tem luz. O corpo está marcado, despudorado, encardido, corpo sujo. Tenho que recorrer a alma, lugar onde ainda há sentimentos, onde guardas emoções, o “eu”, a sinceridade pura e desprovida de pecado, pois o pecado à alma é apenas um ato do corpo, nada está ligado a ela.

Quero a alma, para transportá-la deste lugar, quero subir, mais além, quero sumir. Quero o que não é daqui, quero a verdade, se neste lugar só há espaço para mentiras, e neste lugar, não há espaço a mim, só condenações, que são muitas às minhas costas.

Estou pesado, podre e largado, estou insensato, mas não me vejo cura, vejo que meu buraco precisa ser mais cavado, precisa ser tão profundo que eu veja o inferno e tenha a certeza de sua notável diferença para o céu, meu possível lugar, talvez lá eu possa enxergar minha alma.

Minha mente não se acalma, e como acalmar, se lobos não dormem? Vivem em turnos diurnos e noturnos, eles caçam e prevalecem, não pelo corpo, pela alma nociva, voraz, consumidora de espíritos. Talvez seja esta a fonte de sua força, consumir a existência de suas presas.

Sinto dor, sinto-me cair, nesta queda, eterna, me pego a recapitular toda a história, que nunca fora minha, mas de todos quais me manipularam. Agora este monstro, estúpido e casquento, vai engoli-los. Ele vai mostrar-lhes a verdadeira face da ira, preparem-se!

Não serei mais um joguete, pois estou rompendo o lacre, estou me permitindo invadir por estas bactérias deturpadas e inconstantes que farão de mim um ser aquém do mundo, sou parte deles agora, sou uma característica única. Sou negro como a noite, sou tenebroso. Minha alma é livre, meu corpo está moldado, tenho fogo nos olhos, sede de sangue.

Pandim
Enviado por Pandim em 30/10/2010
Código do texto: T2587009