Depois de tanto tempo sozinha...
Quando vive um tempo (razoavelmente longo) sozinha, uma mulher descobre-se e explora cada milímetro de seu próprio corpo.
Comigo não foi diferente.
A solidão me machucava, enquanto avaliava a firmeza dos meus seios e a curvatura dos meus quadris...No entanto, eu deslizava sob esses ataques, pudica. Recolhia as minhas poucas ilusões e saia bem depressa do círculo de pensamentos que multiplicavam-se à minha volta.
Diante das minhas recusas, meu corpo tornou-se sensível demais e eu, cada vez mais isolava-me na minha sublime procura pelo absoluto.
Então, encerrada em meu quarto que cheirava a chá de melissa, acariciava-me por horas.
Tensa e dolorosamente, ia conhecendo cada dobra e cada linha do lugar de onde saia o aroma adocicado que me impregnava os dedos.
Descobri a minha maior fraqueza e me esmerava em me atormentar cruelmente.
Eu aprendi a irritar a ponta dos meus seios, delicadamente, até o limite do insuportável , atenta a suscitar o orgasmo que me fizesse companhia...
E com a cabeça perdida em minhas almofadas, aspirava com suavidade essa presença, enquanto esperava pelo amor...
Então escrevi três poemas: "No dia em ele voltar..."
"Até posso morrer de amor..." e
"Espero-te numa mesma "Aurora"...