JÔNATAS
Retirei do plástico hoje o conto “Margens Mortas”,
de Cadernos Negros 1987.
Recebi faz meses pelo correio do Brasil
de um sebo especial que o mandou plastificar.
Fêz–me abri-lo a notícia da passagem de Jônatas
Conceição da Silva, o escritor da memória.
Aqui da Hispália, visto da trave do olho do feitor,
as linhas estão vivíssimas.
Os subsaharianos (saubarianos) lançam-se de vontade própria
em galeras impróprias ao frio e tubarões de oceano aberto.
- Para transpor ou para fugir?
As fronteiras estão inflamadas e chocando-se.
O navio negreiro perdura como patera pirata,
Fantasma assombrando um continente inteiro,
o mundo... Precisamos limar outras velas!
Bem, mas não podemos chorar a um poeta.
A um poeta se canta.
Chamem vossas atrizes e cantoras, vossos interpretes e bailarinos.
Vamos assomar, ouço os tambores do Ylê Além...
Descansa quem pode, quem já transpôs.
Amém!