Íntima sensação

Íntima sensação,

Ontem, no silêncio de meu quarto, meu pensamento correu por vielas que na verdade nunca percorri. Nesse instante me lembrei de você, ou melhor, do Leo Della Volpe e de seus textos sobre Paris. Tive saudades.

Como é possível sentir saudade do que não se conhece?

Existem coisas que não se explica. Senti-se

Sinto, às vezes, saudade de personagens de romances que li e que ficaram presos em minha memória como pessoas reais. É o caso de Ana Terra em “O Tempo e o Vento” ou Hans Castorp (um filho enfermiço da vida; com quem me identifico) em “A Montanha Mágica.”

Saudade de pessoas que passaram rápido por mim, mas que de

alguma forma deixaram impressos em minha alma sentimentos de ternura e gratidão. Pessoas que ficaram pelo caminho; e que certamente nunca mais verei. Ou aquelas, que, casualmente descobri ou fui descoberta em alguma das múltiplas facetas próprias da personalidade humana. É o caso de amigos aqui do Recanto.

Sinto que minha vida interior é maior do que toda matéria que me cerca. Isto é bom, pois me leva a dialogar comigo mesma, questionando e refletindo sobre o breve período de uma existência, sem que me sinta angustiada.

Nem todos compreendem. E por vezes, escuto: “Você não é normal!”. Na verdade, nem eu mesma encontro explicação para este meu modo de ser.

Li, não sei onde, que toda a forma de arte é uma tentativa para racionalizar um conflito de emoções no espírito do artista.

Certamente a arte me ajuda a conviver com o imponderável

.

Quando escrevo procuro em meu interior as minhas verdades. Exponho idéias, lembranças, acontecimentos, divagações. Sempre buscando abordar os temas com um olhar pessoal e sincero, mas nem sempre sem fantasia.

Sei que a realidade geralmente não é colorida, mas o que vejo ou como vejo terá a forma e a luz que lhe confiro.

Assim sendo, busco iluminar o caminho, afastar os fantasmas, me propondo a aceitar e enfrentar as dificuldades, como obstáculos oriundos do caminhar.

Desta forma, sempre caminhando, vou buscando acreditar que ao final das muitas jornadas, numa busca incessante, cada um de nós, talvez encontre dentro de si: O paraíso perdido.

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 27/10/2010
Reeditado em 27/10/2010
Código do texto: T2581655