E O AMOR VIROU POEMA...

(À minha flor...)

Há muito carrego algo que me foi semeado.

Uma semente que germina silenciosamente em solo fértil e que sorrateiramente se enraíza dentro de mim, sem que, na realidade do meu tempo, jamais me houvesse dado conta de tal jardinagem.

Sinto nas minhas entranhas, na maturidade de um coração acelerado, e na fragilidade duma alma inquieta, todas as vezes nas quais floresce mais uma primavera no meu íntimo invernal.

Não há nada que possa reflorescer com tal beleza e intensidade, quanto a flor de espécie rara e de perfume imensurável, que altaneira se eleva e enriquece o meu mundo!

Transborda cor, sensibilidade e beleza.

E dentro da magia de tal canteiro, sirvo-me da poesia inata, para aduba-lo perpetuamente, na esperança de que sempre me floresça na adversidade e me delineie os contornos do meu céu...

Uma flor que me sorri todas as manhãs, brindando a chegada do sol, e me acena no lusco fusco da tarde, me cantando rimas raras e perfeitas.

Outro dia, num ato tresloucado, tentei arranca-la da terra:

-Não me toque!- disse-me com poesia -Sou tua eternidade!

E na escuridão da noite, quando o silencio denuncia a solidão, sempre ouço cada um dos seus versos, que cintilam à luz do seu sorriso, a iluminar os meus sonhos intangíveis, na promessa de farta colheita dessa minha eterna florada.

SP,02/05/2006