Missivista Piegas
Tédio na espera
é tiro certeiro
e, por onde anda,
o tal do carteiro?
Que cão dos diabos
que é o relógio com seus ponteiros!,
e, por onde anda,
o tal do carteiro?
No som, Straight to Hell
Na alma, o vazio do léu
e isto perdura, o dia inteiro
e, por onde anda,
o tal do carteiro?
Oscilação perpétua:
será que é derradeiro?
e pergunto novamente;
por onde anda,
o tal do carteiro?
Penso em todo o nada que houve
e, à noite, aperto o travesseiro
e me pergunto
por onde anda,
o tal do carteiro?
Onde está o carteiro,
que vai me tirar desse martírio?
Onde está o carteiro,
que vai acabar com esse delírio?
Onde está o carteiro,
que esta carta não traz?
Onde está o carteiro,
que me trará a paz?
Ei, carteiro
me tira dessa cilada?
Ei, carteiro
esta carta é perfumada?
Ei, carteiro
não sei o que faço!
Ei, carteiro
me dá um abraço?
Você sabia, carteiro
que carrega sentimentos?
Você sabia, carteiro
que mergulho em desalento?
Quando tudo o que eu almejo
vejo ruir
quando não te vejo?
E que, quando a carta chegar
dentro de tal envelope
com a caprichada letra feminina
é onde tudo começará
ou onde tudo termina?
Senhor carteiro,
não faça isso comigo.
Senhor carteiro
seja meu amigo.
Amigo carteiro,
a demora me dilacera.
Amigo carteiro,
mais quanto tempo de espera?
Querido carteiro,
o que tiver que ser,
será!,
e, sei que você
dirá Amém
e, é o convidado de honra
para apreciar
meu réquiem.
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Bah!