Missivista Piegas

Tédio na espera

é tiro certeiro

e, por onde anda,

o tal do carteiro?

Que cão dos diabos

que é o relógio com seus ponteiros!,

e, por onde anda,

o tal do carteiro?

No som, Straight to Hell

Na alma, o vazio do léu

e isto perdura, o dia inteiro

e, por onde anda,

o tal do carteiro?

Oscilação perpétua:

será que é derradeiro?

e pergunto novamente;

por onde anda,

o tal do carteiro?

Penso em todo o nada que houve

e, à noite, aperto o travesseiro

e me pergunto

por onde anda,

o tal do carteiro?

Onde está o carteiro,

que vai me tirar desse martírio?

Onde está o carteiro,

que vai acabar com esse delírio?

Onde está o carteiro,

que esta carta não traz?

Onde está o carteiro,

que me trará a paz?

Ei, carteiro

me tira dessa cilada?

Ei, carteiro

esta carta é perfumada?

Ei, carteiro

não sei o que faço!

Ei, carteiro

me dá um abraço?

Você sabia, carteiro

que carrega sentimentos?

Você sabia, carteiro

que mergulho em desalento?

Quando tudo o que eu almejo

vejo ruir

quando não te vejo?

E que, quando a carta chegar

dentro de tal envelope

com a caprichada letra feminina

é onde tudo começará

ou onde tudo termina?

Senhor carteiro,

não faça isso comigo.

Senhor carteiro

seja meu amigo.

Amigo carteiro,

a demora me dilacera.

Amigo carteiro,

mais quanto tempo de espera?

Querido carteiro,

o que tiver que ser,

será!,

e, sei que você

dirá Amém

e, é o convidado de honra

para apreciar

meu réquiem.

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Bah!

Rafael P Abreu
Enviado por Rafael P Abreu em 23/10/2010
Reeditado em 23/10/2010
Código do texto: T2573195
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