Alternância

Agora eu sou a janela e quando nos tornamos uma, eu posso ver os movediços castelos que ergo, e se caso seja do meu querer, eu vejo a hora exata em que os removo, para que deles se faça o barro e o lodo. E se meço o assentar dos tijolos é só porque não há o que me possibilite o indício, o vestígio do equilíbrio que havia e que partiu. Eu tento o vento, o movimento e não recuo porque o ir me é maior do que o ocupar. Porque agir é redimir e vasculhar, é descobrir a cor real do sol.

Depois, me poderá ser ausência ou retorno essa palavra já passada. Não sei. Sei que o que trago e tenho, faz com que o tempo seja contorno lento e não redemoinho. Quase uma saudade encabulada. Uma saudade com cara de vertigem, de viagem que não se completa, de direção, quando estacionada.

Se do revólver, eu peço à bala, da armadilha eu sou o eixo incógnito.

Desse eixo eu desentendo o instante em que o grito se espelha pela sala, ou pelo salão. Do alicerce, só me fica a fuga da base, que não é fuga faminta, mas que conhece o tamanho da fome. Da que fica e da que sede. Da que incendeia e da que vaga, como lâmpada imposta dentro do escuro do alto posto, ou do terceiro poste, quando emudece. E de cimento foi feita a janela.

Em: 22/10/2010

Tânia Fonini
Enviado por Tânia Fonini em 22/10/2010
Código do texto: T2571587
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