SANGRA...

 

 

Trancada neste quarto

Eu converso com as paredes.

Os fantasmas do passado

Fazem coro às minhas angústias

A solidão - o sorvedouro

De minhas ilusões...

A melancolia se instala

Em minha alma muda,

Que sangra... sangra... sangra!

A jornada é árdua

O caminho, incerto.

Sangram meus pés cansados...

 

Olhos fincados no nada...

O meu corpo sobrevive

A mais uma noite insone

Não quero falar

Nem atender ao telefone

Lá fora - vida atenta

O som das buzinas desorienta

A frugalidade da razão

Que sangra... sangra... sangra!

Agarro-me á ultima chance

No vislumbre, num relance,

Sangram minhas mãos puídas...