Eu não posso? Ahh posso!

Ao entrar num relacionamento, o que você procura?

A velha pergunta que dá base pra milhares de conversas do gênero. Acredito que a maioria, dentre homens e mulheres, procure algo a mais na vida, algo que só venha a adicionar positivamente. Pois bem, se a busca é por adição, por que as pessoas teimam em fazer a subtração? Não é possível que não reparem, quando a coisa é tão óbvia. Se estar num relacionamento significa abrir mão de falar com aquele (a) seu (sua) amigo (a) próximo (a), de frequentar os lugares de que gosta simplesmente porque seu (sua) namorado (a) não está disponível também, de fazer algumas coisas só porque, de novo, a pessoinha miserável que você chama de namorado (a) não está satisfeito, então, se isso é estar num relacionamento, pra que nossos ancestrais lutaram tanto pelos nossos direitos e liberdade, se perdemos muitos deles por alguém que diz nos amar? Doce ilusão, pois quem ama confia e deixa livre! Não se engane, se você subtrai mais do que adiciona ao entrar numa relação, não é amor, é submissão. É uma simples questão matemática.

Está achando exagerado? Então vamos exemplificar. Você viajou e seu (sua) namorado (a) ficou. Vai ser aquela night só de mulheres (homens). E você diz “ah, eu não posso...”, só porque o (a) fulaninho (a) não é adepto (a) a saírem separados, não importa a circunstância. Todo mundo sai, a noite é um sucesso, muitas fotos, você no hotel. A privação de diversão com origem em um relacionamente amoroso deveria ser crime. Que direito que uma pessoa tem de ditar o que a outra deve ou não fazer? Onde ficam os três pilares de um relacionamento? Amor? Respeito? Confiança? Perdidos numa loucura insana de controle ao próximo. E a velha história de “quem ama deixa livre”, “se voltar é porque sempre foi meu, se não voltar é porque nunca foi”?

Não vejo outro motivo para esses comportamentos inaceitáveis que não a falta de confiança, senão no (a) namorado (a), em si mesma (o). Afinal, por que outro motivo uma pessoa não poderia deixar a outra sair sem ela? Se não é falta de confiança nele (a), é em si. Ou então é complexo de solidão e frustração por não estar compartilhando momentos e criando memórias. É nessas horas que damos graças aos psicólogos.

Na verdade, o mais estranho nessa história é que na contemporaneidade, num mundo de beijos na boca sem compromisso, era de se esperar que as pessoas que procuram e encaram um relacionamento sério e fixo, gostam de si mesma e “confiam no seu taco”. Caso contrário, era mais fácil ficar nas ficadas, que todo mundo sabe que quase não tem critério, principalmente a partir de uma determinada hora da madrugada. Não é preciso confiar no seu taco, basta procurar alguém bêbado o suficiente. É fácil e menos cansativo. Não tem amor, nem respeito, nem confiança. Aliás, quase como aquele relacionamento “sério” e controlador. Sem amor, sem respeito, sem confiança.

Quer amor? Respeite o outro, seja em sua liberdade, em seus direitos, em seus gostos, em seus lazeres. Confie na felicidade que traz à pessoa amada. Afinal, se ela não gostasse de você, não estaria namorando, correto? Então, qual o problema de não deixá-la sufocada? E também não aceite que ninguém te sufoque. Seu (sua) namorado (a) diz que não pode? Dê o seu melhor sorriso e diga “ahh posso!”.

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Não pensem (como devem estar pensando) que esse texto foi escrito por uma pessoa totalmente desiludida no amor. Pelo contrário, estou num relacionamento sério e fixo e graças a Deus temos o mesmo pensamento, ninguém manda em ninguém e assim vamos vivendo melhor impossível.

18-10-2010