Escova de dentes e violão...
Quem você pensa que é pra chegar aqui e tirar meus pés do chão assim? O que você está fazendo? Niguém te chamou aqui! Ninguém te convidou pra entrar. E você foi entrando mesmo assim, sem ser convidado, e foi tomando conta de tudo. Tomando conta de tudo que era só meu e agora tenho que dividir. Pouco sobrou pra mim. Talvez só essas palavras no papel. E eu não queria dividir. Queria ser um pouco egoísta nesse momento e ficar só pra mim. Mas você foi entrando e espalhando seus discos velhos, roupas sujas, seu tênis gasto, seu violão e a escova de dentes no banheiro. Você nem perguntou se eu queria ficar só ou queria companhia; mas me faz companhia mesmo assim (mesmo longe). E eu estava tão bem, quietinha no meu quanto, sem incomodar ninguém. E você entrou, e virou tudo de cabeça pra baixo...
Tá, tudo bem, não tem jeito mesmo, pode ficar aí. Não vou te pedir pra sair. Tá, tudo bem, tira os meus pés do chão. Quem sou eu pra achar que só é possível viver assim?! Tá, tudo bem, me segura quando eu cair. Só fecha a porta, por favor. E me ajuda a arrumar essa bagunça que você criou...