Descorado
Não sei se sentirei por você,
a ternura inquieta
que noutros tempos senti.
Sei porém, que notei
a doce tristeza do teu olhar
e também me entristeci.
Vi na solidão que ainda virá,
uns pedaços de tempo
nos traços teus;
retalhos, talvez,
que você costurará
igual um tapete colorido
e que não terá pedaço meu.
Pena, que já me descorei;
aqui por dentro,
fiquei branco e sem sentido.