E lá fui eu...
Novamente pra cima de um vulcão.
Mente insana, corpo entregue à mercê de um coração.
Não havia nenhuma pessoa nesse mundo que acreditasse
que um dia eu ousaria rumar ao desconhecido...
Eu imaginava um porto seguro, dourado pelo sol, sem vento,
e com a luminosidade da manhã em que chegaria.
Não era.
Era como um mar sem a transparência de sempre,
com as águas turvas de um rio de musgos.
Mas acolheu-me.
Afogando-me em desejos numa cama que foi pequena.
Não se pode lutar contra vulcões, mas você pode ir embora,
mesmo quando cada erupção vale a pena.
Depois disso, tentei ordenar os meus sentimentos,
e se escrevi tanto sobre, foi na esperança de que esse momento
fosse tão importante quanto mágico, eternamente.
Em certos momentos, as palavras distanciavam-se de mim, como uma paisagem vista do alto.
A imparcialidade é uma prova de força diante da página branca
e eu blefei.
Os seres envolvidos, as sensações, momentos não entendidos, intervêm num contexto que até se tenta explicar, mas com o recuo
é mais fácil compreender as coisas que não foram claras na ocasião.
E lá fui eu ao encontro do meu vulcão.
No inadiável confronto com o meu destino.
Não pedi conselhos de mamãe nem perguntei aos búzios a sorte do dia.
Reivindiquei a tolerância e o meu direito ao erro.
E esperei até o último instante um sinal ou um arrebatamento
que me desse a chave do enigma.
Hoje o que leio me arremete pensamentos nada animadores.
Resolvi que ainda falta muito o que escrever e é feita de espera a madrugada.
São apenas palavras, mas que me pesam uma tonelada...