E lá fui eu...

Novamente pra cima de um vulcão.

Mente insana, corpo entregue à mercê de um coração.

Não havia nenhuma pessoa nesse mundo que acreditasse

que um dia eu ousaria rumar ao desconhecido...

Eu imaginava um porto seguro, dourado pelo sol, sem vento,

e com a luminosidade da manhã em que chegaria.

Não era.

Era como um mar sem a transparência de sempre,

com as águas turvas de um rio de musgos.

Mas acolheu-me.

Afogando-me em desejos numa cama que foi pequena.

Não se pode lutar contra vulcões, mas você pode ir embora,

mesmo quando cada erupção vale a pena.

Depois disso, tentei ordenar os meus sentimentos,

e se escrevi tanto sobre, foi na esperança de que esse momento

fosse tão importante quanto mágico, eternamente.

Em certos momentos, as palavras distanciavam-se de mim, como uma paisagem vista do alto.

A imparcialidade é uma prova de força diante da página branca

e eu blefei.

Os seres envolvidos, as sensações, momentos não entendidos, intervêm num contexto que até se tenta explicar, mas com o recuo

é mais fácil compreender as coisas que não foram claras na ocasião.

E lá fui eu ao encontro do meu vulcão.

No inadiável confronto com o meu destino.

Não pedi conselhos de mamãe nem perguntei aos búzios a sorte do dia.

Reivindiquei a tolerância e o meu direito ao erro.

E esperei até o último instante um sinal ou um arrebatamento

que me desse a chave do enigma.

Hoje o que leio me arremete pensamentos nada animadores.

Resolvi que ainda falta muito o que escrever e é feita de espera a madrugada.

São apenas palavras, mas que me pesam uma tonelada...

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 15/10/2010
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2559253
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