Cavalgar do tempo
Não, Julieta. Gostaria de frear os corcéis de fogosos pés, rogar a Fáeton que deixasse de fustigá-los. Andem mais devagar, demarcadores do passar das horas. Tapem a passagem da ampulheta. Segurem cada grão de areia para que o tempo passe com mais vagar.
Sinto-me em meio a um turbilhão que não nos permite fruir. A uma agonia sucede-se outra, sem dar tempo de que a cada dia tenhamos apenas uma delas. Respiro fundo para seguir adiante. Tentando frear os corcéis açoitados em direção ao poente.
JULIETA — Correi, correi, corcéis de pés de fogo, para a casa de Febo. Um condutor como Faetonte vos teria há muito tocado para o poente e, na mesma hora, trazido a noite escura.
de Romeu e Julieta, Ato III, Cena II