Olhos castanhos... e beijos, mãos, pernas...
"Eu nunca sonhei com você
Nunca fui ao cinema
Não gosto de samba não vou a Ipanema
Não gosto de chuva nem gosto de sol
(...)
Eu nunca quis tê-la ao meu lado
Num fim de semana
Um chopp gelado em Copacabana
Andar pela praia até o Leblon"
Eu nunca sonhei com você. Nunca esperei sua atitude. Não esperei um beijo seu. E nem ansiei pelo calor do seu corpo. Você podia ter sido qualquer outro e eu qualquer outra. Éramos apenas as pessoas que estavam ali naquele momento. E isso bastou.
É, eu nunca quis te ter ao meu lado. Tudo não passou de um jogo, encontros casuais, pura diversão. Eu te usei da mesma forma que você me usou. Sabíamos disso e ficamos bem assim. Por isso deu certo. Por isso ninguém se magoou. Sabíamos cada um do jogo do outro, as cartas que tínhamos na mão. E não houve blefe.
Eu nunca te amei. Nunca houve amor. Nunca houve paixão. Entre nós houve apenas vontade, desejo, intensidade... Vontade de estar ali. Nem antes, nem depois. Só o momento.
E a primavera traz um novo frescor e o nosso romance de inverno não é mais. Já não importa mais. Não há mais palavras para dizer (Nunca ouve!). Não há mais beijos para trocar, tocar, mãos, pernas...
É, mas alguma coisa ainda me prende e ainda me puxa; me mantém aqui. Alguma coisa me impede de seguir... livre... só... Pois, basta um olhar. E tudo que é meu se volta para você!
"Você se aproxima de mim
Com esses modos estranhos e eu digo que sim
Mas teus olhos castanhos
Me metem mais medo que um dia de sol"
(Lígia - Tom Jobim)