Emaranhado de Cabelos
Hoje? Não diria fúnebre. Diria um imenso vazio mórbido. Ando para lá e para cá ouvindo R. Kelly, lembrando-me de quando andávamos juntos à noite contando de nossos abismos internos e de quando nos alegrávamos por ter um o ombro do outro nas noites de inverno.
Enquanto o som entra em meus tímpanos e o cérebro resolve processar da maneira mais angustiante, de cócoras, olhando para o piso branco do quarto, vejo um emaranhado de cabelos tingidos, os teus cabelos, e viajo para o pregresso relembrando que eles ficavam espalhados pela casa e que eu reclamava ao limpar. Hoje os teus cabelos são escassos e eu não tenho vontade de catá-los no chão de piso branco, porque são infinitas as lembranças.