Acreditar

era tão difícil pra ela voltar a sentir,

a se arriscar sem nenhuma garantia exposta

como quem pega o café da garrafa e coloca na xícara e bebe sem assoprar nenhuma vez

era assim provar daquela situação

ela nem conseguia mais preservar os jogos

estava esgotada deles,

mas sabia que não devia

todo mundo sempre gosta de uma boa partida

ele gostava

era um cientista

devia gostar mais que a maioria

mas tanto faz

a única coisa que guardava no momento era a certeza que nunca se deve tomar atitudes pelos outros, mas sim se algo te tocasse realmente

era nisso que se embaraçava

não sabia se era ele quem havia mudado as cores

ou elas já estavam na eminência de mudar

quando?

no fundo sabia sim

que se tivesse pintado forte

elas não teriam desbotado tão rápido

e tudo virado de um tom sem graça

sabia que aquilo era por ela, pelo descaso dela

de novo?

lógico que se surpreendia, nunca havia tido tanta, digamos, fome

mas tudo que sentia podia não sentir mais

bastava querer

como?

ela inventava

pegava coisinhas

e fazia um grande drama

veia artística

faltava lapidar

rsrsrs

o quê?

ela queria viver tudo aquilo que criava

queria uma saia colorida

um imenso alaranjado

um riso suave

e olhos dispostos a sentir

quanto?

Raíssa Bouças
Enviado por Raíssa Bouças em 13/10/2010
Código do texto: T2553803
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