CHIQUINHA, A BONECA VINDA DO SUL DE MINAS

CHIQUINHA, A BONECA VINDA DO SUL DE MINAS

Ontem me dei de presente uma linda bonequinha rústica, feita por artesã do sul de Minas. Ela tem longas tranças e um ar de quem acaba de chegar do paraíso.

Fiz aniversário ontem e não sei da minha criança nesta adulta cheia de impotências, pavores e culpas, que consegue sua precária alegria, seus voos pelo pensamento à custa de sofrimento alheio, de muito sofrimento alheio. Para exorcizar o possível de tantos e de outros horrores, inomináveis, comprei esta meninazinha linda, a quem batizei ontem com o nome de Chiquinha - Francisca é o nome de minha avó materna.

Quero ter Chiquinha sempre diante dos olhos, para que seu olhar me oriente, para que seu olhar me ajude a ressuscitar a Chiquinha que um dia fui, a Chiquinha sem os pavores e as culpas tamanhas desta presente adulta; que ela me ajude a encontrar o caminho para perdoar, para perdoar-me, para ser perdoada pelos crimes cometidos, entre os quais avulta o de haver certo dia, há tempos imemoriais, entrado na vida de um determinado homem, LUZ e SOMBRA sempre, nesta mulher, em si mesmo, em outras mulheres, ai, pobre delas, ai, pobre dele, ai, pobre de mim.

Ajuda-nos, Chiquinha, serzinho na minha alma.

Zuleika dos Reis, na manhã de 12 de outubro, dia das crianças, dia de Nossa Senhora Aparecida.