De repente é só isso: tempo que passa
E um dia que se acaba e eu ainda não fiz nada
Atravessando abismos de silêncios
Na contingência de caminhar desertos
O que tinha que fazer era uma mera escolha
A mais absurda e errada das escolhas possíveis
Quando se vive e espera que a morte seja certa
Ou sem escolha, o que é mais certo de ser e pensar
E sem fuga, sem atalhos para a vida, ou subterfúgios
Simplesmente ela vem na hora inoportuna e é só sua
E pronto: fecha-se o ciclo do tempo e resta um nada

Mas quando se ama espera-se eternidade, em vão
E espera-se por uma vida inteira que amor seja o que é
Amor com tudo que tem e deve ter e ser com tudo que é
Mas como a vida que não dura mais que um instante
Mas um instante que não deixa de ser desértico
E silencioso e solitário de escolhas impossíveis
E improváveis...

Mas provavelmente amanhã abrirei os olhos
E de olhos bem abertos ainda serei eu mesmo
Eu que traço e concebo as escolhas e as faço
Mesmo quando não há mais o que escolher
Que é quando eu faço as escolhas que não traço
Quando traço as escolhas que não terei que fazer...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 11/10/2010
Reeditado em 01/08/2021
Código do texto: T2551253
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