NOTAS DO TÉDIO I

Tédio (lat taediu) sm 1 Desgosto profundo.
2 Enfado, fastio.


Melhor assim, melhor para mim tudo assim
Não me encanto com o encanto dos deuses
Nem me assusto com o terror dos demônios
Milagre é ainda se acreditar em milagres
Não me cobro alegrias nem essa tal felicidade
Sou feito de contingências como a realidade
E um pouco de sonhos que tenho à vontade
Conheço os meus medos e eles são tão tolos
Mas preciso deles para buscar cada verdade
A imaginação é um terreno fértil para plantar
As invenções do pensamento e alguns desejos
Nem todos e nem todas, que não brotam mesmo
Há gente no mundo de hoje que se ilude em mídia
Se deu no jornal é real, se passa na novela também
Eu não! Não invisto em esperanças, não creio nelas
Como não creio em fantasmas, bruxas e espíritos
Creio que o ser humano precisa aprender a ser só
E sendo só ser somente humano e nada mais
Creio em que? Que não vale a pena crer em nada
Tolice abandonar esta vida em busca de outra
Tão além e tão sobrenatural e tão improvável
Desculpas esfarrapadas para não se querer viver
Não aceitar a nossa efemeridade, que tudo acaba
Que a vida é gota d'água no oceano da eternidade
Desgosto profundo, enfado, fastio, um tédio isso
Viver é uma aventura muito perigosa
E não vou disfarçar os riscos a correr
Nem vou correr desse tédio de agora
Que as coisas ditas ruins da vida sirvam
Pelo menos para aprender as coisas boas
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 10/10/2010
Reeditado em 01/08/2021
Código do texto: T2547909
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