O Solitário
Eu sempre fui solitário. Aquele tipo de solitário que é rodeado de gente, que faz amizades com todo mundo; daquele tipo de solitário que não tem amigos, mas que só descobriu por causa da distância – revelação do Tempo; daquele tipo de solitário que se sente só ante a multidão.
Sempre sorrindo, extrovertido, brincalhão, bem humorado, sensível e apreciador dos pequenos esforços, contudo, solitário. Um rapaz mórbido no âmago; um âmago cheio de tristezas dilaceradoras, escondidas que ninguém em volta compreendeu ou sentiu pelo simples fato de eu brincar de esconde-esconde com minhas duzentas mil máscaras que dissimulam minhas verdades.
Com o teu jeito simples, discípulo, intenso, fiel, puro e terno de ser, fez-me não ser mais aquele só, demagogo. Então, passei a ser feliz. Uma felicidade ignorada, desdenhada pela minha ignorância do momento; porque a alegria, já dizia meu avô “mora em prato raso”, e como diz meu pai: é egoísta. Coisa que muitas pessoas fazem quando estão no topo, afinal em montanhas só se vê gelo, enquanto das depressões os brotos eclodem.
Partindo para longe e para outros horizontes tu me deixastes. Hoje sou cercado de amigos como era antigamente. Minha sensibilidade aumentou e a minha experiência de vida também. Isso faz com que eu conquiste sempre mais; que eu veja os pequenos esforços das pessoas com mais nitidez e é como se eles fossem misericórdia para mim.
Mas, em minha ineficiência de agradecer e me abrir para as pessoas, continuo o mesmo solitário rodeado de gente e amigo com a tua ausência. Continuo sem prumo, sem teu amor.