O Tudo no Meio do Nada

Está doendo o coração. Sinto um aperto contínuo que parece não ter fim. Tento me concentrar em outras coisas, mas nada tira o foco desta dor. Aflição contínua. Dói imensamente. É dor, um pungir simplesmente. É uma dor latente que remédio receitado não dá jeito, mas o emplasto é invisível. Nós só ouvimos falar...

As pessoas me olham e pensam que está tudo bem comigo, porque sorrio; porque faço os outros sorrirem com minhas brincadeiras e sorrisos, que para mim são enganosos.

Mas, hoje esta dor latente não para. Desde que acordei meu coração está pequeno; o cheiro de mofo aqui de casa vem, entra em minhas narinas como se fosse uma casa desabitada há muito tempo, pelo menos é isso que chega a meu encéfalo, e ele persiste em transmitir essas informações pejorativas para meu coração que já não aguenta tanto sofrer.

Solidão.

Agora o cheiro de mofo me traz lembranças, lembranças essas que quero apalpar; quero ver um sorriso; quero ouvir um “eu te amo”; quero um abraço apertado e um "não fique assim meu amor". Mas a chuva insiste em cair nas telhas de brasilite. Faz-se barulho... Eeee... como era romântico o enlace escutando essa melodia! Aquele barulhinho gostoso... E me recordo de noites frias, onde eu tinha o calor dos braços dela; onde eu sentia os seios pardos encostados em meu tórax; onde eu ouvia as palavras carinhosas e ternas ricocheteando em meus ouvidos, cada detalhe minuciosamente guardado em meu memorial, precisão desta dor.

Mas, hoje a casa está vazia... Simplesmente vazia e cheia de lembranças inefáveis e indeléveis.

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 07/10/2010
Reeditado em 01/06/2011
Código do texto: T2543877
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